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Filho faz cortejo fúnebre no mar para homenagear pai pescador
Pai e filho costumavam fazer o mesmo roteiro em ocasiões especiais.
Por Redação

Para homenagear o pai falecido, o filho de um pescador de Jericoacoara, no Ceará, organizou um cortejo fúnebre pelo roteiro que os dois costumavam fazer em ocasiões especiais. Francisco Jhonatan quis que o pai, o pescador Francisco das Chagas, 54 anos, falecido no último dia 28 de maio, navegasse pela última vez ao seu lado.
A homenagem aconteceu na quinta-feira, 29, e contou com a presença de amigos e familiares. O caixão do senhor foi colocado em uma canoa e partiu da praia principal da Vila de Jericoacoara com direção à praia da Pedra Furada, onde está a formação rochosa símbolo de Jeri.
Segundo Jhonatan, que é conhecido na região como Xico Slim, o caminho traçado durante a homenagem póstuma é o mesmo que seu pai, Chico, fazia nos dias de São José, padroeiro do Ceará, que é popularmente conhecido como o santo das chuvas e protetor dos pescadores.

“É um costume que ele tinha sempre de fazer aquele famoso eio de São José, que é onde os pescadores saem com seus barquinhos e vão em direção à Pedra Furada, e de lá fazem o cortejo, fazendo aquelas músicas de São José, e ele fazia a questão que eu fosse com ele, ele falava assim 'Filho, vamos lá comigo amanhã’”, relembrou o rapaz, em entrevista ao G1.
"Esse cortejo, esse eio que eu fiz antes do enterro dele foi uma coisa muito especial, entre eu e ele, pai e filho mesmo, coisa mesmo emocional, porque ele é um grande pai, um grande guerreiro, meu herói, me salvou de várias", contou Jhonatan. "É o último agradecimento que tive a oportunidade [de fazer]", afirmou o filho.
A morte e a homenagem
Os familiares de Francisco das Chagas informaram que ele foi internado em meados de abril após uma série de episódios de mal-estar. No hospital, os médicos descobriram que o pescador estava câncer já em estágio avançado. Ele faleceu semanas depois.
Jhonatan contou que, antes do pai morrer, durante um dos dias em que o acompanhou no leito do hospital, falou sobre a ideia e perguntou se poderia fazer a homenagem no mar. Ele, que é instrutor e competidor de kitesurf, revelou ao pai que ele mesmo conduziria o barco e que seria a última vez que os estariam juntos no mar. O pai aceitou.
“Não foi por exibição nem nada, foi só para cumprir uma promessa que eu fiz pro meu pai, meu coroa, e acho que isso foi o legado que ele me deixou, de sempre falar uma coisa e sempre fazer, sabe, prometer e arcar com meus compromissos”, relembrou o rapaz.
As imagens do cortejo foram feitas pelo instrutor de surf e pescador Chico Bento, amigo de Jhonatan e quem o ajudou a organizar a homenagem. As imagens foram compartilhadas nas redes sociais, acompanhadas de um no texto no qual o filho do pescador se despedia do pai.
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"A história de um pescador de coração bom se acaba aqui. [...] Sou muito grato por tudo, meu coroa, vivi e viveria tudo de novo contigo, meu coroa, te amo eternamente meu pai, amigo, companheiro, meu herói", escreveu.
Antes do cortejo no mar, Chico foi velado em casa. O corpo dele foi enterrado em um cemitério que fica na praia da Malhada, o local poucos metros do mar.
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