MÚSICA
Chico Buarque se apresenta neste fim de semana na Concha do TCA 61gg
Cantor abre temporada de três dias da turnê 'Que tal um samba?' em Salvador 6c484k
Por Eugênio Afonso

Há tempos, o cantor e compositor carioca Chico Buarque, 78, não mete o pé na estrada ‘like a rolling stone’. Ultimamente, inclusive, seu nome tem sido mais ventilado em polêmicas político-partidárias do que necessariamente em questões que envolvam sua vasta, rica e grandiosa obra. Diga-se de agem, uma das mais importantes e consagradas da história da música popular brasileira desde que se consome música no País.
Mas desde setembro do ano ado, depois de lançar, pela Biscoito Fino, o delicioso single Que tal um samba?, e para deleite geral da nação, Chico decidiu montar uma turnê e percorrer o Brasil com o show que leva o mesmo nome do single. Em Salvador – encerrando a fase nacional –, ele se apresenta hoje, amanhã e depois, às 19h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Desde já, os fãs agradecem imensamente.
Com direção musical do maestro Luiz Claudio Ramos, Chico terá no palco a companhia de uma de suas atuais musas, a paulistana Mônica Salmaso, 52, seguramente uma das grandes intérpretes da obra buarqueana.
Mônica abre Que tal um samba? com alguns números solo, todos do cancioneiro de Chico. Além de cantar, a artista também toca diferentes instrumentos ao longo da apresentação: kalimba, tamborim e flauta de pastoreio norueguesa.
“Eu faço uma abertura com os músicos para qual, com total liberdade, escolhi canções com o intuito de mostrar o meu trabalho e ao mesmo tempo preparar o palco para a chegada de Chico. Então, fazemos alguns duetos e depois ele segue cantando sozinho com os músicos. Volto ao palco pontualmente algumas vezes para outros duetos e finalizamos juntos”, explica Salmaso.
Mônica conta ainda que para os shows de Salvador fez uma mudança – no momento de sua participação – para homenagear o Nordeste. “Vai ter um sabor de estreia. O Brasil inteiro, belezas, problemas, agruras e, sobretudo, esperança está cantado no repertório do show”, vibra a cantora.
Juntos, Salmaso e Chico visitam canções presentes no imaginário do povo brasileiro, como Sem fantasia, e trazem novamente à cena alguns clássicos do compositor carioca criados ao longo de quase 60 anos de trajetória artística.
Para Mônica, as músicas de Chico são parte fundamental de sua formação musical e emocional. “A mesma relação que eu tenho com a obra dele, grande parte dos brasileiros têm. Sua voz poética e musical representa um enorme amor pelo Brasil diverso e democrático”.
Retrato em preto e branco
Além da canção que dá nome ao show, serão apresentadas mais 28 composições. Aqui vai um spoiler de algumas delas: O meu guri, Canção desnaturada, Biscate e Bancarrota blues. Clássicos como Samba do grande amor, Sob medida, Morro dois irmãos, Futuros amantes e Choro bandido aparecem também ao lado de criações mais recentes, entre elas Blues pra Bia e Tua cantiga.
Luiz Claudio Ramos diz que a seleção musical foi pensada a partir da carreira de Chico como um todo. “Como este show não foi baseado em um disco com músicas novas, o repertório é baseado na rica trajetória do Chico”, confidencia o maestro. “Chico sempre foi o responsável pelos roteiros das apresentações. Ele ouve sugestões, mas tem sempre a última palavra”, acrescenta.
Com cenografia de Daniela Thomas, o roteiro eia por diferentes décadas da carreira do cantor carioca, reafirmando, mais uma vez, a coerência narrativa e musical do autor de Folhetim. O cenário é um paredão de madeira em que serão projetadas 26 fotografias de 19 artistas. Entre eles, os geniais Sebastião Salgado e Walter Carvalho.
Bastidores
A estreia oficial do show foi em João Pessoa (PB) em setembro do ano ado. Natal, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Brasília, Recife, Rio e São Paulo também já foram visitadas pelo show. E depois de circular por quase oito meses pelo País, Que tal um samba? vai virar álbum e filme. Tudo registrado pela Biscoito Fino.
O patrocínio é da Icatu, a produção geral, de Vinícius França, e Ricardo Tenente Clementino dá as ordens na direção técnica. Tem ainda Maneco Quinderé no desenho de luz e o baiano Cao Albuquerque nos figurinos.
A banda é formada pelos fiéis escudeiros de palco do compositor de Construção: maestro Luiz Claudio Ramos (arranjos, guitarra e violão), João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (baixo acústico e elétrico), Marcelo Bernardes (sopros) e Jurim Moreira (bateria).
Até o encerramento desta matéria, tentamos falar com Chico Buarque, mas fomos informados por sua assessoria local que ele não daria entrevistas.
No entanto, diante de um artista de tamanha magnitude – dono de uma obra irretocável – tudo é perdoável. E como diria o cineasta Cacá Diegues no livro Meu caro Chico – depoimentos, “Chico está acima do tempo e, em certas circunstâncias, acima do próprio Brasil. Como artista, deve ser reverenciado e tão amado quanto merece ser, sendo alguém tão íntegro e humano. É uma graça do destino ser seu contemporâneo”. Os amantes da boa música/literatura assinam embaixo.
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